Introdução e objectivos: A HPNi é uma doença neurológica caracterizada por alterações da marcha, cognição e controlo esfincteriano cujo tratamento é essencialmente cirúrgico. Estudos sobre qualidade de vida e custo-utilidade do tratamento cirúrgico são escassos. Os autores pretendem verificar se o tratamento cirúrgico é benéfico na qualidade de vida e sintomas e se é uma opção custo-útil, tendo em conta o custo/QALY (Quality of life adjusted-year) preconizado pela OMS.

Material e métodos: Estudo retrospectivo de 14 doentes com HPNi operados entre 2010-2014 no nosso centro. Avaliaram-se variáveis clínico-demográficas, os resultados clínicos (escala de Krauss) e a melhoria da qualidade de vida (EQ-5D). Calculou-se, com base nos GDH (Grupos de diagnóstico homogéneo), o custo do tratamento cirúrgico inicial e das complicações.

Resultados: A amostra contém 50% de mulheres, em média com 74,8 anos, com tempo médio de evolução de doença até ao tratamento de 21,8 meses. O distúrbio da marcha foi o primeiro sintoma em 71% e a tríade de Hakim ocorreu em 64%. A ventriculostomia foi primeira opção em 21% dos doentes e os restantes 78,5% foram submetidos a colocação de shunt, destes 18% tinham válvula programável e 81,8% válvula de pressão fixa. Observou-se benefício na qualidade de vida em 78,5% e melhoria dos sintomas cardinais em todos os doentes. O custo médio por doente foi de 11.244€ e o custo/QALY de 25.667€.

Conclusões: O tratamento cirúrgico na nossa amostra mostrou benefício clínico e na qualidade de vida da maioria dos doentes. Juntamente com a análise dos custos revelou ser um tratamento custo-útil.