Objetivos: Apresentação de caso de recidiva de oligodendroglioma parieto-temporal esquerdo, com 10 anos de evolução e ligeiros defeitos de nomeação (perturbação do discurso de grau 5, segundo a Escala de Gravidade da Afasia), submetido a cirurgia para mapeamento da linguagem com recurso a paradigma de leitura, em substituição do paradigma de mapeamento de linguagem mais usual – objetos precedidos pela expressão “isto é...”.

Material y métodos: Pré-operatoriamente, realizou-se avaliação da linguagem através da Bateria de Avaliação das Afasias de Lisboa (BAAL) e ressonância magnética funcional (RMf). Intraoperatoriamente, realizou-se estimulação elétrica direta (EED) para mapeamento da linguagem com recurso à apresentação de 80 slides com substantivos tendo em conta os critérios psicolinguísticos e, cujas respostas corretas durante o treino pré-operatório tinham uma latência inferior a 4 segundos.

Resultados: Na RMf (fluência fonética, decisão semântica visual e auditiva) ativaram-se apenas áreas secundárias - córtex visual primário (V1), ventral parietal e temporo-occipital esquerdo. Estes resultados supõem um mecanismo de plasticidade cross-modal da linguagem, excluindo ativações na vizinhança tumoral. Na EED intraoperatória obtiveram-se mapeamentos positivos (parafasias semânticas, fonéticas e neologismos) numa distância inferior a 2 cm lesão, condicionando exérese parcial.

Conclusões: A utilização de paradigmas de nomeação de objetos precedidos da expressão “isto é...” tende a excluir os doentes com défice de nomeação para cirurgia com mapeamento da linguagem. A adaptação de paradigmas, como a leitura de substantivos, permitiu distinguir vias e áreas essenciais versus não essenciais da linguagem. A EED intraoperatória é, por isso, a técnica fidedigna para o tratamento cirúrgico de tumores em áreas eloquentes.