Introdução e objectivos: Os abcessos intracranianos são uma patologia relativamente pouco frequente no entanto potencialmente grave. Podem ser classificados de acordo com localização e etiologia. O tratamento de eleição é cirúrgico podendo ser realizado por trepanação e aspiração ou excisão completa por craniotomia.

Material e métodos: Estudo retrospectivo de doentes com idade igual ou superior a 18 anos internados entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2015 com o diagnóstico de abcesso intracraniano.

Resultados: 63 doentes com o diagnóstico de abcesso intracraniano, 48 do sexo masculino e com uma média de idades de 58,9 anos. 88% dos doentes foram submetidos a cirurgia (90% excisão completa por craniotomia) e tempo médio de internamento de 59,7 dias. Os doentes foram agrupados em grupos segundo a etiologia (idiopática (12%), contiguidade (18%), hematógeneo (12%), cirúrgico (46%), imunosupressão (12%)). Foram também analisadas as manifestações clínicas iniciais, localização e número de lesões presentes. Foi avaliada a diferença entre aspiração e excisão completa da lesão. A taxa de complicação após tratamento foi de aproximadamente 16%, sendo que se verificaram 3 recidivas e 8 doentes acabaram por falecer, metade dos quais com 2 ou mais lesões, parecendo existir uma relação entre o maior número de lesões e mortalidade. O tempo médio de follow-up foi de 6,8 meses.

Conclusões: Os dados da série apresentada acabam por ser sobreponíveis aos apresentados na literatura apenas com uma mortalidade discretamente inferior assim como uma maior diferença no que diz respeito à etiologia (cirúrgico vs hematogéneo).