O-MSC-06 - Quistos Aracnoideus Cerebrais e Raquidianos – Ainda motivo de discordância? Revisão de literatura e casuística do Centro Hospitalar do Porto
Serviço de Neurocirurgia, Centro Hospitalar do Porto, EPE.
Objectivos: Patologia subdiagnosticada, o quisto aracnoideu representa cerca de 1% das lesões cerebrais não traumáticas no adulto. Maioritariamente sintomáticos na infância (60% a 90%), raramente têm tradução clínica no adulto. Cerca 90% têm localização supratentorial, com topografia raquidiana rara. O estudo tem por objetivo avaliar a casuística do Serviço de Neurocirurgia do CHP, e debater a discordância científica acerca do tratamento e seguimento clínico.
Material e métodos: Revisão de literatura e análise retrospetiva dos casos operados no CHP de quisto aracnoideu cerebral ou raquidiano, tendo por base a demográfica, clínica, imagiologia, abordagem cirúrgica e resultado terapêutico.
Resultados: O estudo comportou nove doentes, com idade média de 42 anos. Oito quistos aracnoideus cerebrais e um raquidiano. Predomínio da fossa media (33%) e supravermiano (22%). Diagnóstico por cefaleia (n = 3), défice motor (n = 1), higroma hipertensivo (n = 1), hematoma subdural (n = 1), ataxia (n = 2) e marcha espástica (n = 1). Tratamento cirúrgico com marsupialização quística por via endoscópica em três casos e os restantes operados por via aberta. Necessidade de shunt quisto-peritoneal em dois doentes, com as principais complicações associadas a quisto tipo Galassi II e III. Destaca-se um follow-up médio de três anos, sem evidência de lesão imagiológica em 89% dos casos.
Conclusões: Os resultados encontrados corroboram o descrito na literatura, com validade da técnica endoscópica ou aberta, mas suscita a discussão sob a necessidade de colocação de shunt quisto-peritoneal a priori, temporário ou definitivo, e releva o risco cirúrgico associado a quistos da fossa média.