Objectivos: O glioblastoma é o tumor cerebral maligno mais frequente. Já os gliomas de baixo grau (I ou II, OMS) são tumores de crescimento lento. O tempo de sobrevida média varía, podendo prolongar-se por décadas. Noutros casos há um processo de transformação maligna para tumores de elevado grau. A metastização de um glioblastoma intracraniano para a medula espinhal é um evento raro. Pretende-se relatar uma caso de metastização de glioblastoma multiforme num doente que já havia sofrido uma transformação maligna de glioma de baixo grau (GBG).

Material e métodos: Revisão do processo clinico de um doente diagnóstico de glioblastoma multiforme após transformação maligna de GBG.

Resultados: Homem de 37 anos, com história de crises do tipo ausência, com 1 ano de evolução. O estudo imagiológico revelou lesão intra-axial temporal, sendo submetido a exérese macroscópica total [histologia compatível com oligoastrocitoma (grau II OMS)]. Passados dois anos, sofre recidiva tumoral. Submetido a excisão total, cuja anatomopatologia revelou glioblastoma secundário (Grau IV, OMS) com Ki67 de 75%. Após 6 meses, inicia quadro de lombociatalgia intensa que rapidamente evoluiu para paraplegia. Realiza RM que revela lesões intra e extraaxiais medulares multi-segmentares, compatíveis com disseminação tumoral. No próprio dia o doente fez-se radioterapia de alta dose, verificando-se discreta recuperação motora e das queixas álgicas. Iniciou posteriormente tratamento paliativo.

Conclusões: Este caso clinico ilustra o elevado risco de transformação maligna dos GBG, mesmo na ausência de vários fatores preditivos de malignização. Ilustra ainda um caso raro e de evolução rápida de glioblastoma multiforme com metastização no neuro-eixo.